Publicado por: guyveloso | 23 de novembro de 2014

Expo. de Guy Veloso e Pierre Verger: textos dos curadores. Paulo Herkenhoff e Armando Queiroz)

Entre Dois Mundos: Pierre Fatumbi Verger e Guy Veloso

 

candomble documentary african american Brazil photogr

 

Guy Veloso, Candomblé, Belém-PA, 2013. Digital.

 

Objetiva esta sala especial traçar um paralelo entre a produção destes dois fotógrafos evidenciando suas particularidades, assim como, sua complementaridade. Pierre Verger e Guy Veloso, parceiros devocionais?

A complexidade dos ritos afro-amazônicos, pontuados nos vértices de um arco temporal extenso, compreendido num hiato de quase 70 anos, se desdobra nestes olhares atentos que percebem e se sensibilizam, cada um ao seu modo, na minúcia dos gestos transcendentes.

O transe, o movimento do corpo, a movimentação do grupo de onde a cena emerge e, rapidamente imergem, o ato social. Tudo é motivo de atenta investigação que ultrapassa o mero documentar. Verger e Guy, observadores participantes devocionais?

Tomar uma cuia de mingau de açaí com arroz na beirada do mercado do Ver-o-Peso, receber em seu corpo sua entidade de “cabeça”, fotografá-los; tudo ganha horizontalidade em importância humana. É o humano que vê, fotografa e participa, é o humano que “baila” e participa, é o humano em contato com o divino que participa. É o desejo humano que se estabelece e busca compreender-se através deste jogo de cena imagético repleto de significados muitas vezes imperceptíveis ou acintosamente ocultados neste panorama de rica experiência de ocupação da Amazônia.

Esta mesma Amazônia que possui em si o contraditório, o revelador, naquilo que a fotografia vocaciona explicitar do que hoje é chão, terra firme e multiplamente habitado grão. Verger e Guy, mensageiros devocionais?

Armando Queiroz

Curador-assistente

 

 

Este ano Arte Pará homenageia o artista Guy Veloso com sua obra dedicada aos encontros da fé. Sua câmera é tenaz na busca por imagens da rica diversidade religiosa brasileira das diferenças e as convergências. Um tempo de insidiosa intolerância das doutrinas fundamentalistas no Brasil e no mundo, Guy Veloso aposta na arte como lugar como lugar de diálogo e de entendimento para a construção do respeito devido por todos a cada um. Nessa compreenção podem estar soluções para a humanidade.

(…) Pensar que a tarefa dos que querem um mundo mais democrático é não só trazer essas religiões afrodescendentes à visibilidade, mas compreender que elas – como Verger compreendeu – não estão no campo do folclore, elas não estão no campo da supertição, mas elas estão no campo dos valores, os mesmos que ligam as pessoas.

Paulo Herkenhoff

Curador-geral

 

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